Treinador questiona imprensa, fala mais uma vez sobre comportamento e comenta evolução do time na temporada: “O futebol é muito volátil. Hoje é o rei e amanhã é uma bosta”, disse o treinador.
Uma pergunta sobre o relacionamento com a torcida do Palmeiras fez o técnico Abel Ferreira falar sobre seu comportamento, em entrevista coletiva após a vitória por 3 a 1 contra o Santos, neste sábado, pelo Campeonato Paulista.
Na sala de imprensa do Morumbi, o treinador voltou a falar sobre seu estilo na beira do campo e reconheceu que precisa melhorar, mas também questionou os jornalistas sobre a repercussão.
– Quem tem um microfone e uma câmera tem uma arma poderosa. Cada um olha para aquilo que quiser. Já me fizeram muita perguntas sobre comportamento… Já viram alguém perguntar da honraria do Mérito Esportivo? De ser Cidadão Paulistano? Já viram algum jornalista falar isso, ou me dar os parabéns do maior orgulho que tive de receber do presidente de Portugal? Já viram alguém dizer que o livro já tem quase 100 mil vendidos, que já fizemos quase R$ 5 milhões de receitas, que vão reverter para duas instituições brasileiras?
Na sequência da resposta, Abel Ferreira citou alguns dos feitos alcançados pelo time do Palmeiras nos últimos anos. Neste sábado, o Morumbi recebeu 49.241 torcedores, o maior público registrado pelo Verdão como mandante no século.
– Sim, tenho de melhorar o meu comportamento na área técnica, mas tenho que demonstrar com exemplos. No mesmo dia que eu fui expulso outros treinadores foram. Viram alguém dizer alguma coisa? Vocês podem escolher o que querem. Eu tenho coisas boas e negativas como todos nós. Ninguém é perfeito. Deus não agradou a todos, muito menos eu. Picharam os muros (os torcedores), mas hoje chegaram a mais um recorde. Número de gols, de pontos, equipe que menos derrotas teve fora, mais gols fez na Libertadores, mais vitórias fez na Libertadores… Viram alguém valorizar isso?
– Querem ver meus defeitos, tenho alguns. Na área técnica é o que for preciso para ganhar. Sou competitivo de natureza. Uns gostam da minha forma de ser, outros não. Não estou aqui para agradar ninguém, estou aqui para ganhar. Não vim para o Brasil para fazer amigos. Quando estou a competir é para ganhar. Essa é a minha forma de esporte. Eu aqui sou um boneco, mostro o que eu quero. O que realmente me interessa é o que os meus jogadores e minha família pensam… – afirmou o treinador do Verdão, que mais uma ressaltou seu comprometimento com o grupo.
– Eu fico furioso com incompetência, com os preguiçosos, com quem diz que amanhã faz. Sou um homem de trabalho. Quem está comigo está a trabalhar, senão não está comigo. É fácil trabalhar comigo quando todos sabem o que têm de fazer.
Na conversa com os jornalistas, Abel Ferreira falou sobre o que espera do comportamento da equipe e da evolução na temporada. O treinador reforçou que os planos estabelecidos entre diretoria e comissão técnica devem ser seguidos, independentemente dos resultados.
– O primeiro principio quando começarmos a parar é que vamos ter problemas, em tudo. Há um plano que temos de seguir, e os resultados não podem alterar nosso plano. Estamos todos alinhados, diretoria está alinhada com o treinador, e o treinador com a diretoria. Há um plano a seguir independente dos resultados. Vou lutando que a equipe vá melhorando a dinâmica de jogo, jogue quem jogar.
– O futebol é muito volátil. Aqui no Brasil, hoje é o rei e amanhã é uma bosta. É assim que funciona aqui. Temos de estar constantemente a procura do nosso melhor, de nos desafiar a ser melhores. Para sermos competitivos com os adversários temos que ser muito competitivos internamente. Não há reservas, não uso esse termo. A força da nossa equipe é força do coletivo. Não é o A, B ou C, é o coletivo da equipe. Sozinhos não vamos a lugar nenhum. É assim que eu vejo representado muito dos valores que eu defendo enquanto homem na minha equipe. É um orgulho muito grande ser treinador dessa equipe – disse o comandante do Verdão.
Fonte: GE – Henrique Toth